Quarta-feira, 17 de Agosto de 2005
Enquadro-me neste espaço novo, onde a vida se sente na mistura dos materiais e das cores. Cá para nós, não me importava nada que a sala de multimédia fosse a nossa casa e nem sequer precisava levantar paredes para dividir sala, quarto, etc. Apenas um espaço aberto à luz, com a vantagem de ouvir os "concertos íntimos" sem sair de casa ou saindo.
Tenho conseguido manter afastados os pronúncios da desavença. De inicio mais difícil, agora quase com total indiferença.
O Miguel está feliz, principalmente pela realização profissional o que torna o amor ainda mais forte. Sem dúvida, a libertação, a possibilidade de se poder criar e transmitir, torna-nos ainda mais felizes. A nossa relação fortaleceu, é muito bom... e falto ainda eu.
Espero um pouco mais, a minha ida em Setembro está a condicionar-me um bocado. Mas parece-me que tem de ser um passo de cada vez.
Já andamos a procurar casa. As rendas são muito caras. Mas acreditamos que vai aparecer, aquela tal para nós.
Quanto ao resto, são de facto ovelhas negras perigosas, o melhor a fazer é andar fora de casa o mais possível, e isso não é nada difícil.
Beijos só dou a pessoas doces. Beijos.
Segunda-feira, 8 de Agosto de 2005
Canção Da América
by Fernando Brant e Milton Nascimento
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de 7 chaves,
Dentro do coração,
assim falava a canção que na América ouvi,
mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
mas quem ficou, no pensamento voou,
o seu canto que o outro lembrou
E quem voou no pensamento ficou,
uma lembrança que o outro cantou.
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância digam não,
mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Seja o que vier,
venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto pra te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.
Sexta-feira, 5 de Agosto de 2005
O amor é o amor - e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..
O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!
Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!
Alexandre O´Neill
Poesias Completas
1951/1981
Pop Art
Quinta-feira, 4 de Agosto de 2005
É assim:
a gente despede-se, vai-se
embora amaldiçoando a terra,
carrega amargura que nem o diabo
aguenta; com o tempo vai
esquecendo injustiças, mágoas,
injúrias, morrendo por regressar
ao cheiro da palha seca, ao calor
animal do estábulo,
ao sonho do quintalório
com três alqueires de milho ao sol
e dois pinheiros bravos -
porque não há no mundo
outro lugar onde
enfim dê tanto gosto chafurdar.
in «O Sal da Língua» FEA Obra de Eugénio de Andrade/26
Hoje metade de mim já o disse
a outra metade ficou por cá mais uns dias por razões pessoais.
No desconto dos dias as saudades antecipam-se e é preciso palpar, cheirar e sentir e olhar com carinho, tudo aquilo que esteve sempre tão perto, e só agora sentimos tão quase só nosso.
O Rio vai-me fazer falta, mas envolto no mar ele vai aí ter, não é?
Levo o meu Porto comigo e tantas outras recordações
e saudade
mas vou com a certeza de que nem a corrente mais forte do rio, nem a linha do horizonte, aqui ou aí, me trariam de volta porque estão guardadas do lado esquerdo do peito.
Foram sete anos, onde também aprendi a amar e a ser mais doce. Reaprendi que me podia dar por inteiro, pois tive a sorte de conhecer e crescer com um homem íntegro, sensível, sensato, com carácter, amável, atento. Que me ensinou a olhar para mim com segurança, com valor, alguém que me fez acreditar que vale a pena
por amor.
Pois hoje, além das saudades que tenho de um outro homem igualmente íntegro e igualmente humano, a única coisa que me faz feliz é o sorriso desses olhos verdes raiados de laranja, é o teu coração mais calmo porque estás mais perto de quem também amas muito, é estares profissionalmente realizado, é estares perto dos teus amigos, é estares na tua Ilha.
Nós, vamos apenas continuar a nossa caminhada, lado a lado, para continuarmos a partilhar sentimentos, sonhos, sensações e muitos sorrisos.
Eu vou, só mais um bocadinho que estou quase a chegar à nossa Ilha!!! - Até logo Porto!!!
Segunda-feira, 1 de Agosto de 2005
Chegou o correio, separei os "teus" jornais que diáriamente nos faziam dar mais um passo e diminuir as distâncias. Abri a porta do quarto e pousei-os na beira da cama...
Com lágrimas teimosas, sorri-te!!
Porque o teu cheiro, a tua voz, o teu olhar, o teu toque está em toda a casa.
E tu estás aqui... dentro de mim!