Sexta-feira, 30 de Setembro de 2005
Muitas vezes ouvia o meu Pai dizer: " a Anita é Pau p'ra toda a colher" e eu ficava orgulhosa, cheia de brio e sempre a esforçar-me mais e mais para cumprir as tarefas que ele me pedia.
De facto, tanto exercia as tarefas de casa, como era chamada a carregar móveis, ou arranjar com ele persianas, candeeiros (o que hoje me tem ajudado muito), tratar de limpar umas pecitas do grandioso carocha, saber o nome de quase todas as ferramentas e entregá-las correctamente, fazer feiras de velharias (comprar e vender), aprender a ler poesia e a transpô-la p'rá vida.
Mas hoje, estou estafada, corri a antiga N1 à procura de Sucateiros. Dei comigo a pensar que nunca tinha ido com o meu Pai a sucateiro nenhum, e isto dá que pensar... ou foi com uma irmã minha(sim, que isto de tarefas não era só com a Anita), ou foi só, ou por último o grandioso carocha já era tanta sucata que teve medo que lho quizessem comprar!!! E isso nunca!! Que felizes fomos naquele OP...ainda hoje guardo a chave e algumas peças.
Eu...terei de voltar aos sucateiros...
Quinta-feira, 29 de Setembro de 2005
O destino do "Rex" já está decidido...ufa, até que enfim!!!!!!!
Estou calma. Serenou-me a transparência e verdade daquela mesa redonda. Não sei ainda a data certa, mas tenho a certeza que nessa dia entrar sem o teu abraço e sair sem o teu olhar, beijos e mimos, vai-me deixar um enorme aperto no coração. Fazes-me falta. Muita!!!!!
Mas estas sensações só aumentam a saudade. Eu sei que vou estar forte, e quanto mais depressa melhor, depois ...é um pulinho até aí...
Obrigada pela tua oferta, dezenas de T-shirt's para ti!
Quarta-feira, 28 de Setembro de 2005
Terça-feira, 27 de Setembro de 2005
ARNO GRUEN
(...)
Grave no nosso conformismo não é só o facto de vivermos todos, até certo ponto, involuntariamente segundo a vontade de outros. O realmente perigoso é que a partir do momento em que vivemos, por assim dizer, fora da nossa corporalidade, começamos a temer a liberdade que acordou, de repente, pela manifestação do nosso sentido individual primitivo. Todos nós desejamos ser livres mas, ao mesmo tempo, estamos em vários sentidos comprometidos com o poder, desejando o reconhecimento e os louvores dos seus detentores. Isso condena-nos a procurarmos eternamente a aprovação da mesma gente que nega as nossas verdadeiras necessidades. (...)
Arno Gruen
(1923)
(in «A Traição do Eu»,
tradução de Lumir Nahodil)
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Arno Gruen nasceu em Berlim, Alemanha, no ano de 1923, tendo emigrado com os seus pais para os Estados Unidos da América em 1936. Em Nova Iorque estudou psicologia, doutorando-se neste área em 1961, com Theodor Reik. Desenvolveu, depois, várias actividades em universidades e hospitais norte-americanos. Foi professor da disciplina na Universidade de New Jersey. Dirigiu o Departamento de Psicologia da Clínica de Harlem. Regressa à Europa em 1979, vivendo hoje em Zurique, onde pratica psicoterapia e psicoanálise. Tem vários escritos sobre a empatia e a civilização contemporânea. Na sua bibliografia, detém dois livros editados em inglês, "The Betrayal of the Self" (Grove, 1988), (traduzido por Lumir Nahodil e divulgado em Portugal pela Assírio & Alvim com o título «A Traição do Eu»), e "The Insanity of Normality: Realism as Sickness" (Grove, 1992). Pertenceu aos quadros do "Institut fur Lerntherapie" (Institute for Learning Therapy) em Schaffhausen. No Outono de 2001 foi distinguido pelo seu livro "Der Fremde in uns with the Geschwister-Scholl price". Recentemente publicou "The Fight for Democracy". Nesta obra argumenta, uma vez mais, sobre a questão da ilusão colectiva provocada pela liderança entre indivíduos que se sujeitam (ou os conduzem) à obediência cega, à crueldade e o ódio.
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Segunda-feira, 26 de Setembro de 2005
Cheguei e mal abri os olhos à minha cidade natal.
Acumularam-se cartas, jornais, revistas... tantos assuntos pendentes e urgentes, que mal consegui respirar e ver o rio ao fundo.
Família, beijos, abraços, sorrisos,telefonemas...hoje a Função é aqui: "É home, vá dentre" - É quando se percebe que a saudade adormece quando estamos tão felizes.
Voltei, com um B.I. novo: Naturalidade - Porto / Residência - Angra do Heroísmo.
Estou feliz, porque me sinto em casa, na agora também minha, Ilha Terceira.
Falta apenas o nosso cantinho, mas ele virá na hora certa. E vai ser o melhor cantinho do mundo, cheio de côr e vida. Vida inteira, intensa...como as saudades que sinto agora...
Sexta-feira, 23 de Setembro de 2005
Nesta hora da partida sinto-me estranha! Sinto-me de cá e de lá - dois portos de abrigo.Custa me ir! Custa-me não ficar!
Principalmente não te levar comigo!!!!
Quinta-feira, 1 de Setembro de 2005
...Vejo novamente um teclado disponível. Estou no TAC (Terceira Automóvel Club) feliz da vida e sempre atarefada com os preparativos para o Rali Além Mar. Aqui sou sempre muito bem recebida e acarinhada. Sabem bem estes mimos e este sabor a família.
Continuo forte e inteira...